1º Festival #Artivismo Feminista reúne mais de 100 pessoas em ações de diversas linguagens artísticas

O primeiro Festival Do Ponto de Cultura Feminista reuniu, em Porto Alegre, mulheres de todas as idades e diferentes raças em três dias de encontros. Com um público de mais de 100 pessoas, composto principalmente por mulheres, os encontros promoveram a escuta, visibilidade e a troca entre artistas e ativistas do movimento de mulheres e feminista.

IMG_4262A aula aberta com Maria Luísa Pereira de Oliveira (Plataforma Dhesca) trouxe a perspectiva do Feminismo Negro no contexto da luta das mulheres no Brasil. Telia Negrão (Coletivo Feminino Plural e Rede Feminista de Saúde Sexual e Direitos Reprodutivos) falou sobre a história do movimento de mulheres no Brasil e as muitas vertentes atuais. Este foi um momento de encontro com os feminismos de cada uma nas diferentes perspectivas de raça e geracional. As mulheres puderam trocar ideias sobre ser feminista, ouvir relatos de mulheres jovens e mais experientes e revigorar o espírito para continuar acreditando na mudança. O Ministério da Cultura, através de sua representante regional, Margarete Moraes, marcou presença na abertura do Festival.

IMG_4359A diversidade também esteve presença com as mulheres do Grupo Inclusivass de mulheres com e sem deficiência. José França, Rainha Deficiente Visual do Carnaval de Porto Alegre compartilhou a sua experiência e sambou na cara do preconceito. Ao final deste primeiro dia, para queimar a ignorância e a intolerância, as mulheres de todas as idades foram convidadas a dar vida a um Fervo Feminista.

IMG_4552O agito teve a presença de mulheres capoeiristas de Porto Alegre e as ladainhas e o ritmo do atabaque deram o tom da roda na Travessa dos Cataventos. Enquanto tambores, berimbaus, surdos, triângulos e palmas marcavam o tempo, no centro da roda as mulheres colocavam para queimar frases machistas e misóginas num ato simbólico de transformação para um novo presente: de paz e de justiça para as mulheres e meninas de todo o mundo.

IMG_4945No segundo dia de Festival teve início a Oficina de Artes Cênicas com uma pegada de ativismo feminista e performance. As artistas Andressa Cantergiani e Carolina Pommer orientam os encontros que seguem até o final do mês de abril. A oficina é só para o público de mulheres e tem como motivação os direitos sexuais e direitos reprodutivos.

IMG_4713No mesmo dia, um encontro com mulheres que escrevem reuniu mulheres ativistas com e sem deficiência. Numa parceria com o Grupo Inclusivass tivemos a presença de mulheres que escrevem a partir de suas experiências como Carlena Weber, Leila Cenci e Ariane Leitão. O momento foi intenso e marcante para a construção de novas formas de ver as mulheres e os espaços de expressão.

IMG_4882Logo após, o Sarau Inclusivo Corpos DiVERSOS, organizado em parceria com a ONG Cirandar e o Grupo inclusivass, motivou o público a declamar poesias que estavam dispostas por todo o espaço térreo da Ala Leste da Casa de Cultura, inclusive poesias em braile. A participação da artista Carla Vendramin, com uma leitura com áudio descrição, e da poetisa Teresinha Couto, pessoa com deficiência visual, emocionaram a todas. Estiveram conosco as mulheres do Sopapo de Mulher do Ponto de Cultura Quilombo do Sopapo com a publicação dos programas de Rádio Sopapo de Mulher e a produtos da Economia Solidária. A Vereadora Sofia Cavedon (PT), Presidenta da Procuradoria Especial da Mulher da Câmara Municipal de Porto Alegre, também marcou presença no encontro Mulheres que escrevem.

No último dia de Festival o encontro com Mulheres Negras que fazem cultura nos Pontos de Cultura também foi um dos pontos mais emocionates. Nina Fola, do Ponto de Cultura Espaço Escola Áfricanamente, e Denise Yashodã Freitas Dornelles,  representante da comunidade quilombola Morada da Paz e do Ponto de Cultura Omorodê contaram sobre suas lutas no campo cultural – na escola, nos territórios e no imaginário social e popular.

IMG_4966A ancestralidade e tradição afro-brasileira, o poder das mulheres, da musicalidade, do território, da capoeira e da dança impulsionam a construção de espaços e de ações para uma comunidade mais justa. As jovens mulheres da comunidade quilombola Morada da Paz protagonizaram o encontro projetando cantos sagrados e sons da natureza que tocam nossas memórias mais ancestrais. Nila Fola falou sobre a necessidade de seguirmos na luta. Apesar dos avanços, ainda há muito o que se fazer pela justiça para as mulheres e homens negros no Brasil e no mundo.

IMG_5090A exibição de curta-metragens sobre mulheres ou dirigidos por mulheres encerrou a noite de ativismo e arte do 1º Festival do Ponto de Cultura Feminista: corpo, arte e expressão. Mulheres de Magritte, uma produção bahiana, de Isabela Silveira, Rodrigo Luna e Renato C. Gaiarsa abriu a mostra, Quando aprendeu a pular, vídeo-dança de Jose Miguel Nieto, Luciana Ponso e Roberta Arantes teve a presença de Soila Silveira, prostituta que estrela o filme. Um beijo para Gabriela, filme de Laura Murray, contou um pouco sobre a candidatura a Deputada Federal da ativista pelos Direitos das Prostitutas Gabriela Leite e para fechar o filme Carol, de Mirela Kruel, filme que conta a história de Carol Santos, militante do Grupo Inclusivass.

A Roda de Conversa Essas mulheres e seus direitos sexuais e direitos reprodutivos, que aconteceria dia 13 de março, foi cancelada, devido às manifestações previstas para este dia. Uma nova data será divulgada publicamente, em breve.

O Ponto de Cultura feminista: corpo, arte e expressão agradece a todas as mulheres envolvidas neste projeto, muitas mulheres que foram voluntárias para construir este espaço de ação que conjura ativismo e arte. Em especial, agradecemos, às mulheres que compõe o Comitê Gestor do Projeto e às mulheres do Coletivo Feminino Plural, pela coragem de criar e desenhar um caminho para um presente melhor.

 

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